Bombeiros manifestantes continuam presos após invasão do Bope em quartel

Marcos de Paula/AE
"Segundo testemunhas, Bope teria usado tiros de fuzil para expulsar manifestantes"
A cada ônibus que deixa a unidade, a tensão no local aumenta. A cerca de 20 minutos, um grupo da Polícia Montada, com 17 integrantes, formou uma barreira de isolamento para garantir a saída dos veículos. Soldados da PM, com escudos e capacetes, engrossaram o cordão de isolamento.
Já são mais de 100 pessoas que, cantando o Hino Nacional e o Hino dos Bombeiros, tentam neste momento fechar a Rua Frei Caneca. Eles são bombeiros de outros quartéis que participaram ou não da manifestação e parentes dos militares - protesta do lado de fora do quartel pedindo a libertação dos homens, mulheres e até menores que foram detidos.
A entrada do Bope no Quartel Central dos Bombeiros ocorreu hoje, por volta das 6 horas. Segundo manifestantes que não foram presos e outras testemunhas, além de armamento não letal, como bombas de gás lacrimogêneo e granadas de efeito moral, a tropa de elite da PM teria disparado balas de fuzil para expulsar os manifestantes de dentro do quartel.
Pelo menos cinco crianças foram levadas para o Hospital Souza Aguiar, ao lado de onde ocorria o protesto, atordoadas e com ferimentos leves. Segundo funcionários do hospital, elas foram acalmadas, medicadas e liberadas em seguida. Integrante da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, a deputada estadual Janira Rocha (PSOL) passou a madrugada acompanhando o protesto dos bombeiros dentro do quartel e disse que só não houve uma tragédia porque o movimento é pacífico e porque os manifestantes tinham treinamento militar.
'Foi terrível o que aconteceu lá dentro. O Bope invadiu por trás, jogando bombas de gás e disparando balas de verdade. Tem carros dos bombeiros lá dentro arrebentados a bala. Se os bombeiros não estivessem em movimento pacífico e ordeiro poderia ter ocorrido uma tragédia', afirmou a deputada, exibindo cápsulas deflagradas de fuzil e pedaços de bomba de efeito moral. 'Essas pessoas que estão sendo penalizadas são as mesmas que salvam vidas em incêndios e nas praias do Rio. Ganham o pior salário da categoria no Brasil. Quero saber se o governador (Sérgio) Cabral, responsável por essa operação, consegue se alimentar em Paris com os R$ 950 que são pagos a esses homens e mulheres', afirmou.
Membros da Comissão de Direitos Humanos da OAB também estão na porta do quartel do Batalhão de Choque acompanhando a autuação dos bombeiros. O governador Sérgio Cabral, que convocou coletiva de imprensa para esta manhã está ainda reunido com o secretário de Segurança Pública José Mariano Beltrame, a procuradora-geral do Estado, Lúcia Lea, e vários secretários de Estado. Ainda não há previsão para o início da entrevista.
Notícia atualizada às 11h57.
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