quarta-feira, 3 de junho de 2015

A NATUREZA QUANDO AGREDIDA, NÃO RECLAMA, SIMPLESMENTE SE VINGA

Laboratório atesta que má qualidade da água provoca lesões em peixes do Rio Jequitinhonha

O documento é assinado por médicos veterinários do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais.

Laudo do Laboratório de Doenças de Animais Aquáticos da Escola de Veterinária da UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais – atesta que as lesões apresentadas pelos peixes do rio Jequitinhonha são causadas pela má qualidade da água e estresse dos animais provocados por problemas ambientais tais como redução do oxigênio, amplitude térmica elevada na água e grande excesso de matéria orgânica (poluição) das águas do rio.
Peixes apresentam lesões que preocupam pescadores e população da região – Foto: Divulgação

O laudo é assinado pelos médicos veterinários e professores Carlos Augusto Gomes Leal e Gabriella Borba Netto Assis, do departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Minas Gerais.
O documento foi produzido a partir da análise de peixes coletados no reservatório da Usina de Irapé, no rio Jequitinhonha, em Grão Mogol. Segundo o documento, não há registro de mortalidade de peixes na região.
O estudo foi realizado após reclamação de pescadores, dando conta que os peixes têm apresentado feridas e infecções, o que preocupa toda a população do Vale do Jequitinhonha, e levanta a suspeita de que as águas do rio também estejam contaminadas. Os especialistas que assinam o laudo, não analisaram a qualidade da água.
Membros do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), garantem que desde 2012 estão sendo relatados problemas de má qualidade da água, pessoas com doenças de pele, abandono das comunidades por falta de água potável, peixes contaminados dentre outros problemas, provocados pela Usina de Irapé, inaugurada em 2006.
A Cemig nega relação do problema com a qualidade da água de Irapé (veja nota de esclarecimento abaixo)
Para Ariosvaldo Teixeira, presidente da Colônia de Pescadores Z13, é do rio que os pescadores tiram o sustento, se não tiver peixe com qualidade não há condições de sobreviver. Segundo ele, alguns já estão passando necessidade “A má qualidade da água está afetando também a saúde das pessoas que dependem do rio. Os pescadores estão com manchas no corpo, coceira e outros problemas de pele. Todo dia que toma banho tem coceira no corpo”, relata Teixeira.
O MAB pede audiência pública da Assembléia Legislativa para analisar as denúncias e a realização da análise da composição física, química e biológica da água do Rio Jequitinhonha. Com ela identifica-se os contaminadores e os riscos à saúde da população que depende do Rio Jequitinhonha.
Nota da Cemig
A Companhia Energética de Minas Gerais – Cemig acompanha, desde 2014, as mortes de peixes nas proximidades da Usina Hidrelétrica de Irapé e, desde então, está tomando todas as providências cabíveis.
Ainda no ano passado, a Empresa recebeu informações de pescadores e membros da equipe do Peixe Vivo a respeito de alguns exemplares de curimbas encontrados com lesões superficiais em pontos isolados na bacia do rio Jequitinhonha.
Assim, no mês de outubro, a Cemig solicitou a realização de análises em alguns peixes moribundos para verificar a causa das lesões cutâneas.
O laudo mostrou que a responsabilidade da Concessionária sobre a ocorrência é remota, em função da distância entre os locais onde as curimbas foram encontradas e pela qualidade da água não justificar as infecções bacterianas.
No inicio de 2015, foi solicitado à Cemig que esclarecesse a ocorrência ao Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), o que resultou na elaboração de um Parecer Técnico. Posteriormente, a Empresa recebeu solicitação do Ministério da Pesca, na qual foram apresentados os problemas relacionados à contaminação bacteriana das curimbas e outros assuntos.
A resposta da Cemig foi enviada também através de Parecer Técnico e de relatório sobre a qualidade da água. (Cópias dos mesmos documentos foram encaminhadas à Emater, à Supram Leste, à Ameje e ao MAB, para conhecimento.)
Após o envio da resposta ao Ministério da Pesca, A Concessionária solicitou uma reunião com a Semad e o pesquisador responsável pelas análises dos peixes.
Com o esclarecimento de todos os procedimentos realizados e os resultados das ações aos participantes da reunião, foi criado um grupo de trabalho conduzido pelo IEF, que está providenciando novas coletas de material para laudo conclusivo.
Durante a reunião, os participantes entenderam que as ocorrências relatadas não possuem qualquer relação com o reservatório da UHE Irapé e, por isso, as ações subsequentes serão executadas pela própria Semad.
(Fonte: Maria Eliza Cota / Francy Eide Leal / Cemig – Via Gazeta de Araçuaí)
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