terça-feira, 14 de junho de 2011

AS RODOVIAS QUE CORTAM O ESTADO CARECEM DE MANUTENÇÃO MAIS CONSTANTE

Sem manutenção, estradas em Minas acumulam armadilhas

Motoristas se deparam com erosões, deformações na pista, queda de barreiras, falta de pavimentação e desvios


LEONARDO MORAIS
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Há três anos, erosão vem engolindo boa parte do trecho da BR-259, em Resplendor



A falta de manutenção preventiva e o descaso do poder público refletem diretamente na precária condição da malha rodoviária federal que corta Minas Gerais. Nos 8.760 quilômetros de BRs sob jurisdição da União, há pelo menos 83 trechos com verdadeiras armadilhas. Os pontos apresentam erosões, deformações na pista, sinalização deficiente, falta de pavimentação, obras e desvios.

A pesquisa – feita na segunda-feira no site do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) – mostra que das 35 estradas federais em Minas, 21 (60%) apresentam pontos destacados em vermelho, que significam “cuidado”, exigindo atenção redobrada do motorista. O órgão federal alega que 99% dos trechos citados já têm processos licitatórios para a realização de obras.

Mas, enquanto as intervenções não acabam, os problemas persistem. O mapa do Estado feito pelo Dnit mostra que os pontos mais críticos se concentram nas BRs 116 (entre Divisa Alegre e Leopoldina), 262 (que liga Minas Gerais ao Espírito Santo), 040 (Minas/Rio de Janeiro), 381 (Belo Horizonte/Governador Valadares), 365 (Triângulo Mineiro/Norte de Minas).

Segundo o Dnit, os pontos problemáticos na BR-116 já estão em obras, assim como os da BR-262, que passam por restauração ou duplicação, com investimentos de R$ 650 milhões. Atualmente, informa o órgão, há contratos no valor de mais de R$ 1 bilhão para recuperação da malha rodoviária federal. Ainda neste mês outros três editais serão publicados para lotes da duplicação da BR-381, revitalização do Anel Rodoviário e restauração da BR-040, entre o trevo de Ouro Preto e Ressaquinha.

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No entanto, o valor é insuficiente e não atende à demanda do Estado. A afirmação é do deputado federal Fred Costa (PHS), que faz parte do Bloco Transparência e Resultado da Assembleia Legislativa. A comissão formada pelos deputados aponta descaso do Dnit nas rodovias do Estado e já levou a situação ao Ministério Público.

Segundo o parlamentar, os investimentos nas estradas mineiras é desproporcional ao tamanho e importância da malha na economia do país. A Procuradoria da República em Minas investiga a atuação do Dnit no território mineiro. Um dos inquéritos instaurados avalia a situação de conservação de pontes e viadutos no Estado.

Para o mestre em engenharia de transportes Silvestre de Andrade, os problemas nas rodovias mineiras é recorrente. Ele reforça que falta investimento em prevenção e planejamento financeiro que vise dar prioridade às estradas. “Os recursos precisam ser melhor alocados. Não adianta consertar o problema, é preciso evitá-lo. E isso só pode ocorrer quando se faz a manutenção. Sem ela, a situação precária vai persistir”, afirma o engenheiro.

Outra solução apontada por Andrade é a privatização das estradas. As palavras dele são amparadas pelo também especialista em transporte Frederico Rodrigues. “A malha federal em Minas é deficiente, não há dúvidas. O Estado deve passar a operação das rodovias para a iniciativa privada, como é em vários países ou mesmo em São Paulo, onde se tem excelentes estradas”, acrescenta.

Um dos motivos de dor de cabeça para motoristas nos últimos meses é a interdição da ponte sobre o Rio das Velhas. Após anos sem manutenção, veio abaixo. Na segunda-feira, uma das estruturas metálicas provisórias para passagem de veículos ficou pronta, mas só será aberta ao tráfego após o dia 20, quando a outra for concluída.

* Com Daniela Garcia

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