sexta-feira, 21 de março de 2014

BR Distribuidora destitui diretor que atuou na compra de refinaria nos EUA

21/03/2014 19h31 - Atualizado em 21/03/2014 20h49

Nestor Cerveró era diretor da área internacional da Petrobras em 2006.

Aquisição da refinaria pela estatal é investigada por MP, PF e TCU.

Do G1, em Brasília
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Cronologia refinaria Pasadena (Foto: Arte/G1)
O Conselho de Administração da BR Distribuidora, subsidiária da Petrobrasresponsável pela comercialização e distribuição de derivados do petróleo no país, decidiu em reunião nesta sexta-feira (21) exonerar do cargo o diretor financeiro Nestor Cuñat Cerveró.
Com a decisão, o presidente da BR Distribuidora, José Lima de Andrade Neto, passará a acumular interinamente as atividades do diretor financeiro. Nestor Cerveró é funcionário de carreira desde 1975. A Petrobras não divulgou qual será o destino dele na empresa.
Cerveró era o diretor da área internacional da Petrobras em 2006, quando a estatal comprou 50% da refinaria de Pasadena (EUA). A transação se tornou objeto de investigações do Tribunal de Contas da União (TCU), da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal(MPF) devido a suspeitas de superfaturamento.
No início da noite, a Petrobras divulgou um comunicado ao mercado:
"Mudança na Diretoria Executiva da Petrobras Distribuidora
Rio de Janeiro, 21 de março de 2014 – Petróleo Brasileiro S.A. – A Petrobras informa o Conselho de Administração da Petrobras Distribuidora, subsidiária da Petrobras que atua no mercado brasileiro de distribuição de combustíveis, aprovou hoje, 21/3/2014, a destituição do diretor financeiro da companhia, Nestor Cuñat Cerveró. O presidente da subsidiária, José Lima de Andrade Neto, acumulará interinamente as atividades dessa diretoria."
Nesta sexta, antes do anúncio da exoneração, Cerveró afirmou à GloboNews que somente irá se manifestar sobre o caso da compra da refinaria em duas semanas, depois que voltar de viagem de férias ao exterior.
A aquisição de 50% da refinaria de Pasadena pela Petrobras, por US$ 360 milhões, foi aprovada pelo conselho da estatal em fevereiro de 2006. Posteriormente, em razão de litígio com a sócia belga Astra Oil, a Petrobras foi obrigada a comprar os outros 50% da unidade. Ao final, o negócio custou à Petrobras US$ 1,18 bilhão. Em 2005, a Astra Oil tinha comprado a refinaria por US$ 42 milhões.
A presidente Dilma Rousseff afirmou na quarta-feira (19), por meio de nota à imprensa, que se baseou em um parecer "falho" quando votou favoravelmente à compra dos primeiros 50% da refinaria. À época, Dilma era ministra-chefe da Casa Civil e presidente do Conselho de Administração da Petrobras.

Segundo ela, o documento apresentado pela área internacional da estatal, então chefiada por Cerveró, omitia cláusulas que, "se conhecidas, seguramente não seriam aprovadas pelo conselho".

No Congresso Nacional, a oposição cobra explicações de Dilma e quer que a Petrobras seja investigada pela compra da refinaria, hoje considerada um negócio malsucedido. Nesta quinta-feira (20), o líder do PT na Câmara, deputado Vicentinho, chegou a afirmar que o governo "não teme" a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar a compra.
 Detalhes da compra
Integrantes do Conselho de Administração da Petrobras na época da aprovação da compra da refinaria de Pasadena, na Califórnia (EUA), em 2006, disseram ao G1que não examinaram os detalhes do contrato e que a operação foi aprovada com base na apresentação e na defesa feitas pelos administradores da estatal, além de avaliações técnicas e recomendação de uma consultoria independente. Os membros do conselho afirmaram ainda que não é papel dos conselheiros analisar toda a documentação referente a cada assunto debatido no colegiado.

"Conselheiro não é o administrador. Não há por que ficar examinando detalhes de um contrato de aquisição. Supostamente, a empresa tem advogados que fazem isso", disse ao G1 o presidente do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa, Cláudio Luiz da Silva Haddad, que integrou o conselho da Petrobras até março de 2006. "A gente achou que seria um bom negócio para a Petrobras", completou
Fonte: G1

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