terça-feira, 25 de outubro de 2011

Vereador de BH nega ter ficado de cueca em gabinete e se diz abalado

24/10/2011 18h13 - Atualizado em 24/10/2011 18h22

Gêra Ornelas disse que não vai trabalhar desde divulgação das imagens.
Segundo promotor, parlamentar assumiu ter usado cueca no local de trabalho.

Fernanda Brescia Do G1 MG
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Gêra Ornelas concedeu entrevista nesta segunda-feira (24) no escritório do advogado dele (Foto: Fernanda Brescia/G1)Gêra Ornelas negou ter usado cueca no gabinete
em entrevista nesta segunda (24) no escritório do
advogado dele (Foto: Fernanda Brescia/G1)
O vereador Gêra Ornelas disse, durante entrevista nesta segunda-feira (24), em Belo Horizonte, que está abalado após a divulgação de um vídeo que mostra o parlamentar sem camisa e supostamente usando uma cueca no gabinete da Câmara dos Vereadores da capital. Ele diz que a roupa era uma bermuda e que as imagens divulgadas foram montadas por um ex-assessor que tinha a intenção de prejudicar a imagem dele. “Sinceramente, não vejo nada de mais nisto [no fato de usar bermuda dentro do gabinete]”, falou.

O vereador falou que, desde que o vídeo foi divulgado, não está indo trabalhar porque está com “o emocional abalado”. “Meu emocional é muito fraco. A diabetes e a pressão quase me levaram”. Ele disse que, para tentar se recuperar da polêmica, viajou na última semana para a Basílica de Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo. “Sou muito católico. A ida lá me deu força”, disse. Perguntado sobre o medo de ser cassado, o vereador disse que considera justo que o partido em que ele atuava e o Ministério Público o notifiquem, mas nega as acusações. “O que importa agora é a minha honra, minha identidade”, falou.

Na última sexta-feira (21), o Partido Socialista Brasileiro (PSB) de Belo Horizonte decidiu pela expulsão do vereador Gêra Ornelas, após abertura de um processo que apura a violação dos deveres partidários e do Código de Ética do PSB. O vereador tem dez dias para recorrer da decisão. Segundo o PSB, a data é contada a partir do dia de recebimento do documento.
Vídeo
Gêra Ornelas afirmou que as imagens foram gravadas por uma câmera comprada e instalada por ele no gabinete. “Queria pegar uma pessoa que me roubou dinheiro”, falou.

Ainda segundo o vereador, o vídeo divulgado na internet é uma montagem de três momentos registrados em 1997: no primeiro, uma mão [de Gêra Ornelas] aparece instalando a câmera filmadora escondida no gabinete – segundo ele, em um fim de semana; no segundo corte, o parlamentar aparece vestido acariciando “uma mocinha” também no ambiente de trabalho; no terceiro momento, Gêra Ornelas é mostrado sem camisa e supostamente de cueca – informação que ele nega. Ornelas reforçou também que as imagens em que aparece de bermuda foram gravadas em um fim de semana. “Estava de short. E não é só eu que vou assim para a Câmara, não. Lá no regulamento [ da Câmara] não diz que não posso ir de bermuda”, acrescentou.
O vereador esclareceu ainda que a mulher que aparece nas imagens tem mais de 18 anos e era “uma das pessoas que ele estava atendendo”. “Aquilo era uma amiga minha. Você pode acariciar um amigo, falar que o cabelo estava bonito”, disse.

De acordo com Ornelas, em posse das imagens, um assessor que trabalhou para o parlamentar entre 1998 e 2001 e também no período de 2001 a 2005, iniciou uma série de chantagens que duraram cerca de seis anos.“Ele começou a falar com a mãe da minha filha: ‘o Gêra está em minhas mãos’”. Em troca de silêncio sobre as imagens, que incluem uma gravação de uma relação sexual do parlamentar - segundo denúncia do Ministério Público Estadual (MPE) - o ex-assessor exigiu dinheiro, uma Kombi e um emprego em uma cooperativa que presta serviços de transporte à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH). Perguntado sobre o motivo que o levou a aceitar as intimidações, Ornelas disse que até hoje não sabe e que não se perdoa por “não ter cortado o mal pela raiz”. “Errar todo mundo erra. Só por que eu sou um homem público?”, questiona. “Eu devia ter sido mais homem para enfrentar o problema naquele momento. Não tive coragem”, disse o parlamentar e chorou.

Sobre o fato de ter conseguido um emprego pago com dinheiro público para quitar uma dívida pessoal com o ex-assessor, o vereador disse que era o único recurso de que dispunha para acabar com as ameaças. “Não estou preocupado se é justo; era o que eu tinha. Ele queria crescer na vida”, falou. “Vocês não sabem o que passei”, completou.

De acordo com Gêra Ornelas, por instrução do advogado, Antônio Patente, parou de dar dinheiro ao ex-assessor, que formalizou uma denúncia contra o vereador na Vara da Infância e da Juventude em 8 de agosto de 2007, segundo informações do Ministério Público Estadual (MPE).

Denúncias
Gêra Ornelas negou as denúncias de improbidade, concussão, lavagem de dinheiro e pedofilia pelas quais já foi e ainda é investigado pelo Ministério Público Estadual (MPE). Segundo o a ação que apurava o repasse de parte do salário do ex-assessor para Gêra Ornelas, ele alegou que o dinheiro provinha da venda de gado, alugueis de dois apartamentos e também da aposentadoria. Durante a entrevista, Ornelas acrescentou que também promove viagens de turismo. Ele foi absolvido por falta de provas e a promotoria recorreu da decisão.

Investigação por pedofilia
Durante a entrevista, o vereador disse que o Ministério Público Estadual (MPE) realizou busca e apreensão na última sexta-feira (21) na casa, no gabinete e na fazenda que pertence a ele para anexar à investigação de “indícios de pedofilia”, aberta no início deste mês. De acordo com o parlamentar, fotos, vídeos, um computador e documentos foram apreendidos. Dentre as imagens há fotos de concursos de beleza promovidos pelo vereador.
Segundo o Ministério Público, o material apreendido ainda não foi analisado. O órgão vai agendar com os advogados do vereador uma data para que a perícia seja feita.
Após a divulgação do vídeo, surgiram denúncias de pedofilia e de que o vereador mantinha relações sexuais com garotas de programa dentro do gabinete. Ele negou as acusações. “Lógico que não. Ali não é lugar. É para isto que existe motel. Lá não tem espaço para isto”, disse. Ele também afirmou que não mantém relações com menores. “Primeiro por questões políticas. Tem tantas mulheres. Por que vou mexer logo com menores?”, acrescentou.

O vereador falou que não sabe quando deve voltar à Câmara. Ele disse que há uma sessão marcada para o dia 1º de novembro.
Entenda o caso
No dia 17 de outubro, um vídeo com o título “Vereador despacha de samba-canção na Câmara de BH” foi divulgado na internet. Na ocasião, o promotor Eduardo Nepomuceno informou que o vereador Gêra Ornelas admitiu - durante depoimentos feitos por causa das investigações do Ministério Público Estadual (MPE) - ter sido filmado usando apenas uma cueca samba-canção dentro do gabinete. “Grande parte das filmagens foi feita dentro do gabinete, que é um local público, o que mostra deturpação de valores do que é o serviço publico”. As investigações geraram uma ação civil por improbidade administrativa, que ainda não foi julgada. O promotor disse, ainda, que Ornelas teria confessado que recebia garotas de programa no local de trabalho.

Na mesma data, o advogado do vereador, Antônio Patente, afirmou, em entrevista, que o parlamentar não estava de cueca no local de trabalho. “Ele disse que aquilo era um short. (...) Não era no gabinete. Era na casa dele”, falou. “Não sei onde aconteceu ou se ele mesmo modificou a versão dos fatos em benefício da sua defesa, o que é perfeitamente natural”. (Veja o vídeo acima).


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