quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Policiais e bombeiros do Rio fazem assembleia no Centro sobre greve

09/02/2012 19h10- Atualizado em 09/02/2012 20h04

Agentes penitenciários também participam na noite desta quinta.
Eles reivindicam liberdade de cabo preso e melhores salários.

Carolina Lauriano e Marcelo AhmedDo G1 RJ
 
 

Assembleia dos policiais e bombeiros ocupa a Cinelândia, no Centro do Rio (Foto: Carolina Lauriano/ G1)Assembleia dos policiais e bombeiros ocupa a Cinelândia, no Centro do Rio (Foto: Carolina Lauriano/ G1)
Policiais civis, militares, bombeiros e agentes penitenciários fazem assembleia na noite desta quinta-feira (9), na Cinelândia, no Centro do Rio de Janeiro. Segundo as lideranças do grupo, se as reivindicações não forem aceitas até a 0h desta sexta-feira (10), as categorias vão iniciar uma greve.
"Primeiro queremos que soltem o Daciolo. Em segundo, reivindicamos o piso salarial de R$ 3.500, com R$ 350 de vale tranporte e R$ 350 de tíquete-refeição. Essas são as condições para que não haja a paralisação", afirmou o sargento Paulo Nascimento, do 1º GSE, ao lado de Fernando Bandeira, presidente do Sindicato dos Policiais Civis (Sinpol) .
Manifestantes se acorrentam a bonecos vestidos com fardas da polícia e dos bombeiros (Foto: Carolina Lauriano/ G1)Manifestantes se acorrentam a bonecos vestidos com fardas da polícia e dos bombeiros (Foto: Carolina Lauriano/ G1)
O cabo Benevenuto Daciolo está preso administrativamente, em Bangu, devido aos crimes de incitamento à greve e aliciamento a motim, segundo o secretário de Defesa Civil, coronel Sérgio Simões. Escutas mostram conversa de Daciolo com a deputada Janira Rocha (PSOL) sobre estratégias de greve.
Segundo os manifestantes, mais de 50% das três categorias vão aderir à greve. Nascimento afirmou que, no caso do Corpo de Bombeiros, 70% vão paralisar.
Em relação à segurança da população, Nascimento garante que os serviços de segurança da sociedade que tenham "caso de morte" serão prestados. "Em casos como grandes incêndios, colisões, atropelamentos, acidentes graves, os serviços serão prestados", garantiu.
Coronel Sérgio Simões (Foto: Carolina Lauriano/ G1)Coronel Sérgio Simões (Foto:Carolina Lauriano/G1)
Exército pode enviar 14 mil homens
Uma reunião com representantes da Segurança Pública do Rio e do governo federal, nesta quinta-feira (9), no Comando Militar do Leste (CML), decidiu que, em caso de greve dos militares, o Exército disponibilizará cerca de 14 mil homens e a Força Nacional e ainda cerca de 300 homens para a segurança no estado. A informação foi dada pelo secretário estadual de Defesa Civil e comandante do Corpo de Bombeiros do Rio, coronel Sérgio Simões, durante entrevista coletiva concedida nesta tarde, no Quartel General da corporação, no Centro da cidade.
Segundo ele, o plano prevê que os 14 mil homens do Exército façam o policiamento no estado, enquanto os 300 homens da Força Nacional auxiliem no trabalho dos bombeiros, em caso de paralisação dos servidores de segurança do estado.
Além disso, segundo o coronel, o próprio Corpo de Bombeiros já colocou todo o efetivo de prontidão. "A partir de hoje não temos mais efetivo administrativo funcionando. Todo o efetivo administrativo passa para prontidão, para serviços de socorro para garantir que a vida no estado do Rio de Janeiro vá se manter normal", afirmou Simões.
Simões disse ainda que todo o planejamento do carnaval está pronto, com efetivo próprio da corporação. "Setecentos bombeiros eu vou manter em posições estratégicas. O efetivo administrativo, com cerca de 2 mil homens, vai ser dividido", explicou.
As polícias civil e militar cogitam paralisações a poucos dias do carnaval, caso as reivindicações não sejam atendidas. A votação será realizada nesta quinta, na Cinelândia,
Cabo preso
Simões explicou que o cabo Benevenuto Daciolo, preso na noite de quarta-feira (9), segue em Bangu 1. A prisão administrativa, que tem duração de até 72h, se deu devido aos crimes de incitamento à greve e aliciamento a motim. Segundo o secretário, a prisão preventiva de Daciolo já foi pedida e agora ele está “à disposição da justiça”.
O secretário ressaltou que sempre esteve aberto para o diálogo, mas diante de uma greve não há o que negociar. “Independente do fato que tem clareza que a greve é vedada às corporações militares, há um valor muito maior que é o fato que é absolutamente inaceitável que uma corporação de bombeiros seja incitada a fazer greve. O que tá em jogo é a vida de pessoas”, disse. “A greve é covarde, inaceitável e leviana”, completou Simões, acrescentando que quem participar da greve pode sofrer punições.
Ele afirmou que não descarta a hipótese de expulsar o cabo Daciolo da corporação. “Não quero antecipar nenhum procedimento, mas é uma possibilidade que se abra um processo administrativo para avaliar as condições dele permanecer na corporação, mas não quero antecipar”, disse.
Segundo Simões, escutas autorizadas pela Justiça mostraram Daciolo conversando com outras pessoas sobre estratégias para deflagrar greves no estado do Rio de Janeiro. O cabo estava em Salvador, na Bahia, reunido com líderes do movimento grevista da Polícia Militar daquele estado.
O governador Sérgio Cabral pediu ao governo da Bahia as cópias das gravações telefônicas, nas quais o cabo Daciolo planejava estratégias de deflagração de atos grevistas no Rio. As escutas foram exibidas no Jornal Nacional nesta quarta-feira.
Para presidente de associação de oficiais, reajuste 'não é suficiente'
Mais cedo, o presidente da Associação de Oficiais Militares do estado do Rio de Janeiro, coronel Fernando Belo, afirmou que o reajuste salarial aprovado pela Assembleia Legislativa do Rio “ainda não é o suficiente”.
"Nós entendemos que o governo do estado tem realmente tido uma dedicação aos órgãos de segurança. Nós entendemos que ainda não é o suficiente. Nós fazemos um apelo ao governo do estado para que olhe com mais carinho, com mais responsabilidade essa questão salarial porque é crucial, de fato", disse Belo.
Por 59 votos contra um, os deputados da Assembleia Legislativa aprovaram na manhã desta quinta-feira o substitutivo do Executivo que aumenta os salários das categorias de segurança (polícias Militar e Civil, do Corpo de Bombeiros e de agentes penitenciários) em 39% até fevereiro de 2013. Ainda falta votar os destaques ao projeto aprovado, que podem modificar o texto final.
Segundo o projeto original, o aumento seria concedido em outubro de 2013, mas, na quarta-feira (8), a Secretaria de Segurança Pública (Seseg) informou que o governo do Rio autorizou a Assembleia a modificar a proposta para que os salários sejam reajustados em fevereiro de 2013 em 26%. Assim, o reajuste total das categorias será de 39%, entre fevereiro de 2012 e fevereiro 2013.
Cabral critica 'balbúrdia e agitação'
O governador do Rio, Sérgio Cabral, defendeu a atual política de segurança estadual. “O governo, nesses anos todos, fez um esforço priorizando a segurança pública. Hoje, a segurança pública tem um orçamento que chega a níveis de itens essenciais, como a saúde, apesar de não ser obrigatório. O orçamento da Polícia Militar subiu de R$ 900 milhões para R$ 2 bilhões”, afirmou durante o lançamento do Programa Renda Melhor e Renda Melhor Jovem, em Niterói, no fim desta manhã.
Cabral afirmou que existe uma “articulação nacional para tentar criar um clima de insegurança” e criticou aqueles a quem chamou de “ditos líderes” do movimento por melhores salários para bombeiros e policiais.
Fonte: G1


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