sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

CRISE HÍDRICA EM MINAS GERAIS. """"A NATUREZA QUANDO AGREDIDA NÃO RECLAMA, SIMPLESMENTE E VINGA""""""

23/01/2015 16h55 - Atualizado em 23/01/2015 19h58

Quarenta e nove cidades de MG estão em racionamento, diz governo

Estes municípios não são atendidos pela Copasa, segundo o governo.
Nesta quinta, companhia admitiu que estado passa por crise hídrica.

Humberto Trajano, Raquel Freitas e Thaís PimentelDo G1 MG
Reservatório Serra Azul, em Juatuba, tem a situação mais crítica da Grande BH com 5,73% da capacidade (Foto: Reprodução/ TV Globo)Reservatório Serra Azul, em Juatuba, tem a situação mais crítica da Grande BH com 5,73% da capacidade (Foto: Reprodução/ TV Globo)
O governo de Minas Gerais informou nesta sexta-feira (23) que são 49 as cidades que adotaram regime de racionamento de água. Mais cedo, o governador Fernando Pimentel (PT) havia afirmado, em entrevista coletiva em Belo Horizonte, que 50 municípios estavam nesta situação. Juiz de Fora, na Zona da Mata, havia sido contabilizado. Porém, o município está em rodízio e não em racionamento.
Em Minas Gerais, são catorze as cidades que adotaram o rodízio como forma de economia e mais 36 estão em estado de alerta. Segundo o governador, estes municípios estão em um grupo de 224 localidades que não são atendidas pela Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa).
Elói Mendes e Ouro Fino, na Região Sul; Francisco Sá, na Região Norte; Itabira e Morro do Pilar, na Região Central, e Oliveira, na Região Centro-Oeste, são algumas das cidades que estão em racionamento. Juiz de Fora, na Zona da Mata, e Ouro Preto, na Região Central, são exemplos de municípios que adotaram o rodízio de abastecimento de água.

Segundo listagem divulgada pelo governo, dos municípios atendidos pela Copasa, dois enfrentam falta de água – Campanário, no Vale do Rio Doce, e Urucânia, na Zona da Mata –, cerca de 60 estão na iminência da falta de água e cerca de 20 passam por problemas no abastecimento.
Nesta quinta-feira (22), a Copasa admitiu que o estado vive uma crise no abastecimento de água e pediu para que a população da Grande BH economize pelo menos 30% da água consumida. Já em outubro do ano passado, o então presidente da empresa, Ricardo Augusto Campos, afirmava que não havia risco de racionamento na capital.
Governador Fernando Pimentel condede entrevista coletiva sobre a situação de água em Minas Gerais (Foto: Reprodução/TV Globo)Governador Fernando Pimentel condede entrevista
coletiva sobre a situação de água em Minas Gerais
(Foto: Reprodução/TV Globo)
"Houve aí um adiamento das medidas que seriam necessárias do ano passado para cá, com toda certeza. Os gráficos são muito evidentes, são muito claros, já desde meados do ano passado. Eu diria que no final do primeiro trimestre do ano, a inclinação da curva do nível dos reservatórios do sistema Paraopeba, que é o principal que abastece a Região Metropolitana, indicava a necessidade de algum tipo de medida de contenção do consumo. Nada foi feito e hoje nós temos que enfrentar esta situação com mais empenho e com mais denodo do que seria necessário se nós tivéssemos, enfim, um enfretamento antecipado", disse Pimentel.
O coordenador da equipe de transição do atual governo, Marco Antônio Rezende, disse que não recebeu nenhum relatório sobre a situação da água em Minas Gerais.
Medidas
Ainda de acordo com o governador, há a possibilidade de criar um novo sistema de abastecimento da Região Metropolitana de Belo Horizonte, o que está em fase inicial de estudo. O sistema Paraopeba, que compreende três reservatórios (Rio Manso, Serra Azul e Vargem as Flores) que abastecem a Grande BH, está operando com 30% de sua capacidade. "Um sistema feito para durar 30 anos, estamos com 15 anos mais ou menos da existência dele, ele já está dando sinais de esgotamento. Nós temos que buscar construir um outro sistema, não alternativo, mas complementar a esse. E, daí, esse estudo que a gente vai recuperar", pontuou.

Por meio de uma parceria público-privada (PPP) já vigente, o governo estuda a viabilidade jurídica de alterar o ponto de captação do Rio Paraopeba, reforçando o Reservatório Rio Manso. De acordo com Pimentel, apesar de esta ser uma medida de curto prazo, a possível mudança produziria resultados somente no segundo semestre.

Além disso, uma força-tarefa foi criada para centralizar e coordenar os esforços do governo. Conforme Pimentel, uma série de programas e projetos que estavam “dispersos”, como os de construção de pequenas barragens, serão analisados por esse grupo.
O governo encaminhou na tarde desta sexta-feira ao Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) o pedido de reconhecimento da situação crítica do abastecimento de água no estado. Se o diagnóstico for aprovado pelo órgão, o governo poderá implementar multas, rodízio ou racionamento, caso necessário.
Uma reunião com representantes do Ministério da Integração Nacional está prevista para semana que vem com objetivo de analisar a liberação de verbas para projetos que possam auxiliar no combate à crise. Segundo com o governador, uma audiência com Dilma Rousseff também deve ser realizada nos próximos dias.

Para o enfrentamento da crise, o governo garantiu que não faltará ajuda do Executivo estadual aos municípios mineiros, atendidos ou não pela Copasa, podendo haver apoio financeiro.
Gestão anterior
O deputado João Leite (PSDB) – indicado pela oposição para falar sobre o governo anterior –  informou que durante a transição todos os dados foram disponibilizados para a o novo governo. Ele afirmou ainda que houve uma pauta exclusiva sobre a Copasa.
Sobre o índice de 40% de perda de água tratada, João Leite disse que esta é uma “luta permanente” e a “grande perda está no setor extrativo”.
Já em relação à declaração do ex-presidente da empresa, Ricardo Augusto Campos, em outubro do ano passado, de que não havia risco de racionamento na capital, João Leite afirmou que ela ocorreu pois a avaliação dos especialistas era que seria um período normal de chuva e que os reservatórios fossem recuperados.

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