quinta-feira, 17 de outubro de 2013

Rio de Janeiro tem mais de 200 mil em áreas de risco, afirma estudo ""A Natureza quando agredida, não reclama, simplesmente se vinga""

Edição do dia 17/10/2013
17/10/2013 05h35 - Atualizado em 17/10/2013 07h54


Desses, 60 mil estão nos três municípios da Região Serrana mais atingidos pela maior tragédia natural do país, em 2011, que deixou quase mil mortos.

 
No fim do ano começa a temporada das chuvas de verão. Com elas vêm as enchentes e os deslizamentos, as tragédias anunciadas. São histórias tristes que se repetem em várias cidades do país.
Mais de 200 mil pessoas moram em áreas de risco no estado do Rio de Janeiro, de acordo com um estudo do Departamento de Recursos Minerais. E 60 mil delas estão nos três municípios da Região Serrana mais atingidos pelo maior desastre natural do país, em 2011, que deixou quase mil mortos.
Veja aqui o mapa detalhado das áreas de risco no estado do Rio
A situação mais alarmante é a de Teresópolis. Dos seis mil desabrigados em 2011, mais de quatro mil voltaram a viver no meio do perigo. É o que mostra a reportagem de Carlos de Lannoy e Beatriz Buarque.
A chuva trouxe de volta o pesadelo. “A gente não dorme quando aperta a chuva. Eu não durmo”, diz uma moradora.
“Eu sempre tenho pesadelo com muita água, tudo de novo, nem durmo direito”, lembra outra moradora.
Medo de que se repita a tragédia de janeiro de 2011, quando desabamentos e enxurradas deixaram cerca de mil mortos na Região Serrana do Rio. Quase três anos depois, o cenário de destruição permanece o mesmo no bairro do Caleme, em Teresópolis.
Um rapaz de 18 anos morreu no local quanto tentava resgatar a mulher dele. Mesmo assim, mais de duas mil famílias voltaram a morar em áreas de risco porque não têm para onde ir.
Maria Rosangela da Costa recebe o aluguel social do governo, mas disse que voltou porque a nova casa prometida pelas autoridades ainda não saiu do papel. “Acho que é muita enrolação, porque eles falam que já liberou. A gente fica esperando, esperando”, afirma a manicure.
Máquinas fazem a dragagem dos rios e milhões foram investidos para conter as encostas, mas as pedras no alto da montanha ainda representam risco de vida para quem insiste em morar nessas casas, condenadas pela Defesa Civil.
O casal diz que voltar foi a única opção, depois que ficaram sem o aluguel social. “Ela foi receber e não tinha mais dinheiro na conta. Fomos lá reclamar e eles ficaram jogando para lá e joga para cá, e nos paramos”, conta o jardineiro Darci Lima Ribeiro.
A promotora acusa os governos do estado e do município pela volta dos moradores às áreas de risco. E afirma que mais de 10 mil pessoas foram retiradas dos abrigos sem qualquer planejamento. “O caos está instalado justamente pela demora do estado em dar uma resposta. Quando o estado demora, a população começa a agira de outra forma. E nem sempre de uma forma ideal”, afirma Anaíza Malhardes.
O prefeito de Teresópolis afirma que algumas pessoas deixaram de receber o aluguel social porque não fizeram o recadastramento. Disse ainda que 1,6 mil moradias serão entregues em breve. “Graças a Deus as casas já começaram. Serão 755 até abril, são os dados que o estado tem me passado”, afirma Arlei de Oliveira Rosa.
Mas, em nota, o governo estadual afirmou que as primeiras casas só serão entregues no final de 2014. Enquanto isso, milhares de pessoas continuam expostas ao risco.
Os números do mapeamento feito no estado do Rio são alarmantes: 19 mil em Teresópolis, 22 mil em Nova Friburgo e 100 mil na capital. Com a volta do período das chuvas, para muitos moradores, resta a proteção da fé. “Acredito que estamos na mão de Deus. Se der o valor aqui, me der uma casa, eu não fico aqui não, eu saio”.
Desde quarta-feira (16), chove bastante em Teresópolis e, por isso, a cidade está em estado de atenção. O solo encharcado representa grande preocupação para moradores da cidade.
Em Campo Grande - o bairro que foi mais atingido pelas chuvas em 2011 - ainda tem gente morando. Só neste ano é que o Inea, Instituto Estadual do Ambiente, começou a construir a barragem para conter a cheia do rio que passa pela região.
Segundo o estado, apenas 3% das famílias que perderam tudo na tragédia foram indenizadas e muitas não receberam nenhuma ajuda. Imagens exclusivas mostram um galpão cheio de eletrodomésticos e móveis que nunca foram entregues às vítimas da tragédia.
Fonte: G1 Bom Dia Brasil.

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