quarta-feira, 16 de abril de 2014

Greve da PM na BA faz rodoviários recolherem ônibus nesta quarta-feira

16/04/2014 06h55 - Atualizado em 16/04/2014 07h38

Segundo o sindicato, alguns veículos foram apedrejados nesta manhã.

Situação voltará ao normal quando a segurança for restabelecida.

Do G1 BA
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Apesar de ter confirmado a circulação dos ônibus a partir das 5h desta quarta-feira (16), após ter sido deflagrada a greve da Polícia Militar da Bahia na noite de terça-feira (15), o Sindicato dos Rodoviários informou que a situação do transporte público em Salvador e região metropolitana não foi normalizada.
De acordo com Hélio Ferreira, presidente do sindicato, os ônibus começaram a sair por volta das 5h, mas alguns veículos da empresa Barramar foram apedrejados pela população e a categoria decidiu por recolher os ônibus.
"Alguns problemas de assaltos, muitos boatos e uma sensação de insegurança. A categoria ficou com medo e nós decidimos por recolher hoje também. Tem alguns ônibus que estão circulando", afirma Hélio Ferreira. Segundo ele, ainda não há informações sobre a quantidade de ônibus que estão circulando, mas a determinação do sindicato é de que o serviço só deve ser normalizado quando a sensação de segurança for restabelecida na capital.
Na noite de terça-feira, os rodoviários começaram a recolher os ônibus logo após a confirmação da greve da Polícia Militar. O anúncio da paralisação da PM foi feito por volta das 19h30, após assembleia da categoria.
O sindicato informou que, normalmente, cerca de 2,5 mil ônibus circulam na capital baiana e na região metropolitana de segunda a sexta-feira. Aproximadamente, 12 mil rodoviários trabalham no sistema.
Segundo Hélio, os ônibus deixaram os passageiros que já estavam nos coletivos nos bairros de destino e seguiram para as garagens. O presidente do sindicato afirmou ainda que a medida foi tomada na terça-feira por conta da falta de segurança na cidade sem os policiais militares para preservar a integridade dos rodoviários e também dos usuários do transporte coletivo.
'Surpresa'
Na sede da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), o comandante geral da Polícia Militar do Estado, coronel Alfredo Castro, afirmou que recebeu a decisão da assembleia com "surpresa". "Todo caminho levava ao diálogo. Propostas foram apresentadas, tudo conduzindo para não acontecer", afirmou, referindo-se àreunião que foi realizada na tarde de terça-feira.
Sobre a manutenção da segurança da população diante do anúncio, o comandante afirmou que as tropas escaladas para trabalhar não sofreram qualquer alteração no cronograma na noite de terça. "Nós temos um plano de trazer segurança através dos policiais que têm consciência de que não é o momento de parar. As viaturas que saíram agora à noite estão trabalhando normalmente", afirmou.
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A assembleia realizada no Wet'n Wild, um dos principais espaços de shows em Salvador,aprovou a greve da Polícia Militar. Os participantes aguardaram o encontro desde as 15h de terça-feira, quando o início estava previsto. A decisão só ocorreu depois das 19h30, após representantes de associações analisarem a proposta da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA).
Marco Prisco, que é presidente da Associação de Policiais e Bombeiros e de seus Familiares do Estado da Bahia (Aspra), anunciou a proposta do governo da Bahia à massa de policiais e perguntou se eles aprovavam, sendo que a maioria respondeu que não. Prisco vai encaminhar documento ao governo informando a deflagração da greve, mas diz que ainda há possibilidade de negociação. Ele pede ainda para que os militares mandem SMS´s aos colegas pedindo a todos que deixem os postos de trabalho. Segundo Prisco, eles ficam no espaço de show até segunda ordem.
Alguns pontos da proposta do "Plano de Modernização da PM", que foi apresentado pelo governo na semana passada, foram alterados como contraproposta. Entre elas, ficaram acertados o aumento da CET (Condição Especial de Trabalho), que prevê reajuste de 25% no valor do soldo de policiais do administrativo; de 17% para 35% no valor de soldo para quem já recebia o reajuste; e os motoristas, que tinham 35%, ficarão com 60%. O código de ética e dos processos disciplinares serão revisados.
Sobre o plano de cargos e salários, além da equiparação salarial com a Polícia Civil, o governo se comprometeu a revisão destes tópicos e a abertura de progressões como quatro mil vagas de soldado para cabo, duas mil de cabo para sargento e 500 vagas de subtenente para sargento.

Tentativa de negociação
Os participantes deixaram correndo a sede da Secretaria de Segurança Pública (SSP), situado no Centro Administrativo da Bahia (CAB), com destino à assembleia. Houve uma tentativa de negociação dos pontos de divergência do projeto de modernização, que ainda seria enviado à Assembleia Legislativa da Bahia (AL-BA).
Ao fim, o comandante-geral da PM, coronel Alfredo Castro, afirmou a expectativa de que a greve não fosse deflagrada. "Pelo ânimo que nós tivemos no fechamento das propostas, vejo de maneira otimista que teremos uma pauta a ser discutida e evoluída", disse. O major Ubiracy Vieira também informou ao G1 que não acreditava na greve.
Pontos de divergência
Entenda alguns itens citados pelo presidente da Associação de Praças da Polícia Militar da Bahia (APPM-BA), Agnaldo Sousa, e qual o posicionamento do governo:

Plano de carreira
APPM-BA - Segundo a associação, tanto o soldado quanto o oficial têm que ter um tempo máximo nos postos de graduação. A categoria pede que seja definido um plano de carreira. "Um soldado leva hoje 25 anos sem ter uma promoção. Nós achamos isso vergonhoso. Queremos que seja definido um tempo para que ele seja promovido", diz Agnaldo.
Governo - A proposta do governo é que, após oito anos, o soldado passe a ser cabo e, depois de mais seis anos e meio, ele ascenda a 1º sargento. Hoje, um soldado passa 20 anos como soldado, sem ascenção. Depois, ele passa a ser sargento e se aposenta.
Isonomia Salarial
APPM-BA - A categoria pede isonomia entre as polícias militares e civil. "Hoje, um tenente-coronel que tem 30 anos de serviço ganha menos que um delegado, que está no início de carreira. Queremos que isso seja equiparado", relata Agnaldo.
Governo - O Estado se compromete em criar um grupo de trabalho para rever todo o sistema de remuneração da Polícia Militar. Nesse quesito, entram gratificação, adicionais, entre outras remunerações agregadas.
Código de Ética
APPM-BA - Segundo a associação, a PM não tem um código de ética. "Temos uma legislação da Polícia Militar, que está obsoleta, com coisas que estão lá há mais de 40 anos. Queremos a implantação desse código de ética", revela Agnaldo.
Governo - Um código de ética foi apresentado e as associações questionam alguns pontos. Assim, o governo está disposto a reavaliar as questões que não estão satisfazendo a categoria.
TRT para
A Administração do Tribunal Regional do Trabalho da 5ª Região informa que, por medida de segurança, e conforme Ato Nº 159/2014, a ser publicado nesta terça-feira (15) no Diário Eletrônico, que o expediente de todo o Regional está encerrado a partir das 14 horas desta terça, devido à ameaça de paralisação por parte da Polícia Militar da Bahia.

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