terça-feira, 16 de abril de 2013

O GOVERNO E A COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS DA ALMG ENTRAM NA BRIGA PARA APURAR AS MORTES DOS PROFISSIONAIS DE IMPRENSA NO VALE DO AÇO


segunda-feira, 15/04/2013

Estado se manifesta sobre assassinato de repórter

Na tarde desta segunda-feira (15), Daniel Malard, subsecretário da Secretaria de Integração das Polícias, e Wagner Pinto, chefe do Departamento de Investigação de Homicídios e Proteção à Pessoa, concederam uma entrevista coletiva na sede do 12º Departamento de Polícia Civil de Ipatinga, para falar sobre a morte do repórter fotográfico Walgney Assis de Carvalho, de 43 anos, popularmente conhecido como “Carvalho”, executado a tiros na noite desse domingo (14) em Coronel Fabriciano.
Daniel Malard afirmou que o Estado fará todos os esforços necessários para que os crimes - este e o que vitimou Rodrigo Neto - sejam esclarecidos e ressaltou que equipes de investigações, a Corregedoria da Polícia Civil e da Polícia Militar estão em Ipatinga.
Questionado sobre o que os profissionais da imprensa devem fazer para se protegerem, o subsecretário lembrou para que sempre tenham atenção ao que acontece ao redor, e caso detectem “situações suspeitas” entrem em contato com os órgãos de segurança pública.

“Só peço a todos os repórteres, em qualquer área, a imprensa escrita, a televisiva, os repórteres fotográficos, eu peço realmente que mantenham, apesar de toda a situação, que mantenham a calma, que mantenham a tranquilidade”, disse Daniel Malard.
Wagner Pinto informou que equipes da Polícia Civil, desde o dia 8 de abril, trabalham investigando assassinatos cometidos na região que envolve suspeita de participação de policiais militares e civis.


Questionado sobre o período de investigações sobre o caso Rodrigo Neto, estendido de 30 para 90 dias, Wagner 
Pinto lembrou que todos os recursos investigativos precisam ser esgotados, citando que ficou seis meses em Unaí para desvendar os autores da “Chacina de Unaí”. 
Clique na imagem para ver depoimento

Carvalho é o segundo profissional da imprensa executado a tiros na região do Vale do Aço em 2013. No dia 8 de março o repórter policial Rodrigo Neto foi morto a tiros em uma avenida de Ipatinga.

Profissionais da imprensa assustados e temerosos  

O Comitê Rodrigo Neto divulgou uma “Carta à população”, falando sobre o “terror” que os profissionais da imprensa estão passando e exigindo respostas rápidas quanto aos assassinatos de Carvalho e Rodrigo Neto. Confira a nota na íntegra:

"A execução do repórter fotográfico Walgney Assis Carvalho, conhecido como Carvalho, freelancer do jornal "Vale do Aço”, instalou o terror entre os jornalistas do Vale do Aço. Diante do cenário de impunidade e da falta de segurança, os profissionais de imprensa estão perplexos e temerosos sobre quem pode ser a próxima vítima, já que desde o assassinato de Rodrigo Neto nenhuma medida foi tomada para responsabilizar e prender os culpados, o que torna todos, indistintamente, alvos fixos na alça de mira dos assassinos.
A situação torna-se ainda mais crítica se analisada sob o ponto de vista do cerceamento da liberdade de expressão, impondo o silêncio à bala, porque é um atentado explícito ao Estado Democrático de Direito, sem que as autoridades esbocem qualquer reação para impedir tamanha violação. Historicamente, sob o domínio do medo, os povos assistiram silenciosos a aurora dos regimes totalitários, o surgimento das ditaduras, o extermínio de povos inteiros. Claro, antes silenciaram os jornalistas. No Vale do Aço, estamos tendo um exemplo de como isso acontece. Trata-se de uma zona conflagrada, tanto quanto enclaves em guerra civil. Mata-se um, nada acontece, não há punição, o tempo passa – e nem precisa ser muito tempo –, mata-se outro, e por aí vamos, de tragédia em tragédia até a tragédia final. Todos assistindo passivamente, impotentes, fracos diante dos criminosos. Ninguém está seguro.
O Estado que nos cobra compulsoriamente os impostos do nascimento à morte não serve sequer para nos dar a segurança necessária para trabalhar na construção da sociedade livre e democrática que precisamos ter. Ao contrário, em muitos casos, treina e arma os assassinos que continuam à solta, sob a sua tutela.
Agora, o que se discute não é mais o motivo dos assassinatos. É até quando eles vão continuar impunes. É quem vai garantir a segurança dos jornalistas que precisam trabalhar para manter a sociedade informada.
Se o Estado não perdeu o controle da situação no Vale do Aço, onde os assassinatos de jornalistas e cidadãos comuns ocorrem quase diariamente e permanecem na impunidade, que as autoridades digam e demonstrem na prática quem está no controle da situação.
Nós, jornalistas e comunicadores, aterrorizados, psicologicamente arrasados com a situação e temerosos em ter que continuar a escrever os fatos com sangue de nossos pares, exigimos respostas, proteção e segurança".

Comitê Rodrigo Neto

"Queima de arquivo"
O deputado estadual Durval Ângelo afirma que Carvalho foi executado porque tinha informações sobre os autores do assassinato do companheiro de trabalho Rodrigo Neto. O deputado declarou que três dias após o assassinato do jornalista, a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas Gerais recebeu denúncias anônimas dando conta de que Carvalho sabia quem era os autores do crime.
“Não tenho dúvidas que a morte dele é queima de arquivo”, disse o deputado Durval.

Secretaria de Estado de Defesa Social quer solução para assassinatos de Rodrigo Neto, Carvalho e de mais 14 inquéritos de homicídios no Vale do Aço

A Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) ressaltou em nota que está trabalhando para que os assassinatos de Rodrigo Neto e Carvalho sejam solucionados, assim como 14 inquéritos de homicídios cometidos no Vale do Aço. Confira o que diz a nota publicada pela Secretaria:
“1. A Defesa Social está centralizando a apuração da morte do fotógrafo Walgney Assis, do jornalista Rodrigo Neto e de todos os 14 inquéritos de homicídios ocorridos em períodos passados, no Vale do Aço, e que possivelmente guardam relação de autoria ou motivação, no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Ou seja, a intenção é solucionar não só os casos recentes, mas não deixar em aberto nenhum outro caso que possa ter relação.
2. Desde a última semana, a equipe da DHPP, composta pelo Delegado chefe Wagner Pinto, outros quatro delegados, dez investigadores e três escrivães está em Ipatinga realizando investigações e tomando outras providências, em conjunto com o Ministério Público local. Houve grandes avanços nas investigações daqueles inquéritos, inclusive no caso do jornalista Rodrigo Neto.
3. Há cerca de duas semanas o secretário de Defesa Social, Rômulo Ferraz, chefia da Polícia Civil, Comando da Polícia Militar do Estado e Promotores de Justiça de Ipatinga se reuniram em Belo Horizonte para discutir o caso. A cúpula da Defesa Social também se reuniu com jornalistas representantes do Comitê Rodrigo Neto em Ipatinga.
4. No caso do homicídio do fotógrafo Walgney Assis Carvalho, os suspeitos já estão identificados e a própria Delegacia de Homicídios de Belo Horizonte fez o exame pericial local do homicídio. O Secretário de Defesa Social determinou ao subsecretário de Integração ,Daniel Malard, que acompanhe os desdobramentos das investigações em Ipatinga. Ele está em reunião neste momento (14h) na Polícia Civil de Ipatinga.
5. Também nesta segunda-feira (15/04), se deslocaram para Ipatinga representantes das Corregedorias da Polícia Civil e Militar, para acompanhamento dos fatos. O sistema de Defesa Social, por meio do secretário Rômulo, reitera seu inarredável propósito de apuração cabal dos fatos, haja envolvimento de quem houver. O sistema está ajustado com o Judiciário e Ministério Público, para a efetividade da identificação dos autores, prisão, denúncia e condenação”.

ENTENDA O CASO
Mais um caso envolvendo jornalista assassinado choca o Vale do Aço. Foi morto a tiros, por volta das 22 h deste domingo (14), o repórter policial Walgney Assis de Carvalho, de 43 anos.
A reportagem do Plox compareceu ao local alguns minutos após o fato e coversou com populares. Algumas pessoas relataram que Carvalho chegou ao Pesque e Pague São Vicente, no bairro de mesmo nome em Coronel Fabriciano, por volta das 22 h. Ele teria deixado sua motocicleta estacionada alí e voltava para pegá-la após ter ido com alguns amigos para a localidade conhecida como Cocais.

[ad]Logo que chegou, o repórter pediu que lhe fosse servida uma dose de cachaça e um porção de carne cozida. Em seguida, sentou-se em uma mureta que contorna um pequeno tanque de peixes para comer.

Ainda segundo as declarações dos populares, decorridos cerca de 30 minutos, um indivíduo aparentando ter 1,70 metros de altura chegou ao local em uma motocicleta Honda NXR, de cor preta. O homem teria dado a volta por trás e ao se aproximar de Carvalho disparou três tiros.


Carvalho caiu ao chão e morreu no local. Após os trabalhos da Polícia técnica o perito pode avaliar que a vítima recebeu duas perfurações na região do crânio.

Clique na imagem para ver o vídeo

Walgney Carvalho fazia fotos de ocorrências policiais para o Jornal Vale do Aço de Ipatinga, o mesmo no qual trabalhava o jornalista Rodrigo Neto, que também foi morto a tiros em 8 de março na Avenida Selim José de Sales, no bairro Canaã. (clique aqui para ver reportagem).


A reportagem do Plox conversou com Breno Brandão, editor do jornal. Ele confirmou que o fotógrafo prestava serviços já há muitos anos para o Jornal Vale do Aço. “Ele trabalhava sim para o Jornal Vale do Aço, mas não de forma exclusiva. Ele era freelancer e também trabalhava como fotógrafo para a Polícia Civil da região”, disse.

Esta foi a última fotografia postada por Carvalho em sua página do Facebook. Ele postou o retrato poucas horas antes de ser assassinado.
O trabalho de Carvalho para a Polícia era fotografar cadáveres durante a realização da perícia técnica.
O delegado Emerson Morais, que veio de Belo Horizonte para presidir o inquérito de apuração da morte do jornalista Rodrigo Neto, esteve no local com outros delegados da região na condição de oferecer um apoio moral.

O delegado Amaury Albuquerque da Delegacia de Polícia Civil de Coronel Fabriciano conversou com a reportagem do PLOX e disse que diante da gravidade do caso não se pronunciaria e que deverá convocar uma entrevista coletiva para esta segunda-feira (15).
Polícia Militar fala sobre o caso
O Capitão Luciano Reis, da Polícia Militar, respondeu ao Plox que já existe um suspeito de ser o autor do crime. Seria o homem mencionado por populares.
O capitão acrescentou ter colhido depoimentos de que o indivíduo teria estado no local por três vezes, algumas horas antes, como se estivesse aguardando a volta do repórter para executá-lo.
Veja também:
Clique para ver a reportagem
Fonte: Diário do Aço

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