Rodrigo Neto preparava-se para sair do Churrasquinho do Baiano, no Canaã, quando foi cercado por motoqueiros e alvejado. Sepultamento será amanhã.
Última atualização às 22h40
IPATINGA – O corpo do radialista e bacharel em Direito Rodrigo Neto de Faria, de 38 anos, será sepultado às 10h deste sábado no cemitério Parque Senhora da Paz, em Ipatinga. Rodrigo Neto foi morto a tiros por volta de 0h30 de sexta-feira (8), no bairro Canaã. Dois homens em uma moto aproximaram-se do radialista no momento em que ele preparava-se para sair no seu carro, o Toyota Corolla de cor prata e placas KHO-4615. Ele tinha deixado o tradicional Churrasquinho do Baiano, localizado na avenida Selim José de Sales. O carona da moto sacou um revólver calibre 38 e disparou na direção do radialista.
Rodrigo morreu alvejado por dois tiros, um na cabeça e outro no peito, lado esquerdo. Chegou a ser socorrido com vida e levado em um carro para o Hospital Municipal de Ipatinga, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Ele era casado e deixa um filho, de 6 anos.
Testemunhas relataram apenas que os bandidos estavam em uma motocicleta de cor escura e vestiam roupas escuras. Os executores saíram em alta velocidade depois do crime, sem ser identificados. A motivação do crime ainda está em apuração. Atualmente, além de ser coapresentador do programa Plantão Policial, na Rádio Vanguarda AM 1170, Rodrigo Neto tinha voltado a trabalhar no jornalismo impresso. Ele costumava atuar na apuração de crimes de grande repercussão, principalmente chacinas, e denunciava sempre a falta de apuração de crimes cujos suspeitos eram policiais.
Natural de Caratinga, no começo da década de 2000 Rodrigo Neto veio para Ipatinga trabalhar como repórter da editoria de Polícia no jornal DIÁRIO DO AÇO, quando também acumulou a função de repórter de polícia da Rádio Itatiaia Vale do Aço. Passou pelo Diário Popular e recentemente foi contratado pelo jornal Vale do Aço. Nos dois anos anteriores, acumulou o cargo de assessor de imprensa da Prefeitura de Ipatinga, enquanto encerrava o curso de Direito. Sonhava em ser delegado da Polícia Civil e tinha prestado concurso em Minas Gerais e outros estados brasileiros.
Em uma de suas mais recentes postagens na rede social que usava ele escreveu: “Alguns crimes não são solucionados por acharem não ser conveniente cortar na própria carne”. A frase é emblemática de seu trabalho, sempre associado à apuração de crimes de grande repercussão, principalmente os que tinham policiais civis ou militares como suspeitos.
Danúbia Mota
O velório foi iniciado na tarde de hoje, na capela do cemitério Parque Senhora da Paz, em Ipatinga
Conjunto
O comandante do 14º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Edvânio Rosa Carneiro, informou haver algumas hipóteses a respeito da autoria dos disparos. “No momento, não há nenhuma confirmação que indique alguma retaliação a respeito da atividade exercida por ele; isto carece de apuração, carece de investigação por parte da Polícia Civil. É importante ressaltar que as polícias Militar e Civil estão trabalhando de forma conjunta para esclarecer este fato”, destacou o comandante.
O comandante do 14º Batalhão de Polícia Militar, tenente-coronel Edvânio Rosa Carneiro, informou haver algumas hipóteses a respeito da autoria dos disparos. “No momento, não há nenhuma confirmação que indique alguma retaliação a respeito da atividade exercida por ele; isto carece de apuração, carece de investigação por parte da Polícia Civil. É importante ressaltar que as polícias Militar e Civil estão trabalhando de forma conjunta para esclarecer este fato”, destacou o comandante.
O delegado regional da Polícia Civil, Gilberto Simão de Melo, assegurou que todo aparato policial necessário para apurar este crime com maior celeridade possível será feito. “As esquipes de homicídios estão nas ruas e, se necessário for, conseguiremos mais policiais para apurar. Solicitamos que as pessoas nos informem para que possamos elucidar este crime. Até o momento, nenhuma testemunha qualificada pela Polícia Militar foi ouvida”, destacou.
O delegado Ricardo Cesari é o responsável pelas investigações, pelo fato de a delegada titular da Delegacia de Crimes contra a Vida, Irene Angélica Franco, estar de férias. “Trabalhamos com as informações fornecidas pela Polícia Militar no boletim de ocorrência e todas as equipes de investigação estão em campo colhendo informações. Temos cinco projéteis recolhidos; foram encontrados três na calçada e dois no corpo de Rodrigo”, explicou.
Ainda conforme o delegado Ricardo, a polícia não descarta nenhuma hipótese nas investigações. “A priori, o que a gente trabalha mais distante seria latrocínio – roubo seguido de morte – porque os pertences da vítima não foram levados. E sobre ameaças de morte feitas à vítima, a Polícia Civil não tem nenhuma informação. Além disso, foi solicitado um levantamento da vida pregressa da vítima”, relatou.
E o delegado Alexsander Esteves Palmeira ressaltou que o 12º Departamento de Polícia Civil disponibilizará todo efetivo, toda logística para a investigação no sentido que haja uma resposta rápida na elucidação deste crime. “Eu creio que não seja nenhum ataque à imprensa, e a investigação trará os dados necessários para uma análise completa deste caso e uma breve elucidação”, disse.
Ontem, na 1ª Delegacia Regional de PC, havia informação de que a Secretaria de Defesa Social indicará membros da equipe da Delegacia de Homicídios, de Belo Horizonte, para acompanhar as investigações.
Wellington Fred
Rodrigo Neto já estava no banco do seu carro, preparando-se para ir embora. Ele frequentava ha muito tempo o tradicional Churrasquinho do Baiano, no Canaã
Amigos e colegas de trabalho destacam apego ao trabalho
Marcos Antônio dos Santos era amigo de longa data de Rodrigo Neto. Ele contou que conviviam praticamente todos os dias. “Era um grande amigo, um parceiro de total confiança e uma pessoa que a gente podia contar para qualquer coisa. Sempre gostava de ajudar as pessoas e vai fazer muita falta à sociedade”, desabafou.
A diretora da Rádio Vanguarda AM 1170, Valéria Nascimento, comentou com pesar a perda do radialista. “Estamos com muito pesar pela perda de um profissional, de um companheiro muito bacana, muito benquisto em todas as situações. É muito difícil. Ele deixou um trabalho muito bacana, não só pelo lado do jornalismo, mas também pelo trabalho social que ele fazia. Ele tinha preocupação em ajudar a sociedade, se dedicava a causas que considerava certas, todos nós estamos perdendo”, declarou.
O apresentador da Rádio Vanguarda AM Adair Alves, que dividia com Rodrigo Neto a apresentação do programa Plantão Policial, muito abalado, enfatizou que foi um choque muito grande. “Ele se preocupava demais com os problemas do próximo, mais do que com ele mesmo, talvez ele tenha morrido por causa disto. Ele sempre queria cobrar justiça e resolver os problemas de alguma pessoa. Nunca comentou que tivesse sido ameaçado de morte”, lamentou.
Gisele Paula de Oliveira, ouvinte do Plantão Policial, estava do lado de fora do Instituto Médico-Legal à espera da liberação do corpo de Rodrigo para se despedir. “Tenho muita gratidão pelo que Rodrigo fez por mim. Há seis anos meu filho nasceu prematuro e o médico passou um leite caro. O Rodrigo fez um apelo no ar. Quando terminou o Plantão, ligaram para eu buscar 20 latas de leite. Ajudou muito no momento que eu mais precisei”, concluiu.
Repúdio
Na tarde de sexta-feira, a Diretoria Regional Leste do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais emitiu a seguinte nota de repúdio: “O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais vem a público manifestar sua indignação pelo assassinato na noite de quinta-feira, 7 de março, do radialista e repórter-policial Rodrigo Neto, que atuava no “Plantão Policial”, na Rádio Vanguarda e Jornal Vale do Aço, em Ipatinga.
Na tarde de sexta-feira, a Diretoria Regional Leste do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais emitiu a seguinte nota de repúdio: “O Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais vem a público manifestar sua indignação pelo assassinato na noite de quinta-feira, 7 de março, do radialista e repórter-policial Rodrigo Neto, que atuava no “Plantão Policial”, na Rádio Vanguarda e Jornal Vale do Aço, em Ipatinga.
O Sindicato pede às autoridades competentes da área de segurança pública rapidez no processo de investigação e, consequentemente, o julgamento dos criminosos, o que evita assim que mais um atentado contra a liberdade de expressão em Minas Gerais fique impune.
O SJPMG também se solidariza com os familiares de Rodrigo Neto neste momento de dor”.
O SJPMG também se solidariza com os familiares de Rodrigo Neto neste momento de dor”.
Direitos Humanos, OAB e governador publicam notas
O deputado estadual Durval Ângelo divulgou ontem “Nota Pública” em que informa sobre o assassinato de Rodrigo Neto. Segundo o parlamentar, “o jornalista denunciou na Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa o envolvimento de policiais nos crimes que ficaram conhecidos como Chacina Belo Oriente e o grupo de extermínio Moto Verde”.
Ainda segundo o deputado, atualmente, Rodrigo Neto escrevia o livro “Crimes Perfeitos” e tudo leva a crer que sua morte esteja ligada a sua atuação como jornalista investigativo, afirma nota do parlamentar.
OAB
A 72ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB Ipatinga) também lamentou, em nota, o assassinato de Rodrigo Neto. “Mais grave ainda, quando se sabe que os envolvidos no crime ainda não foram capturados. A OAB de Ipatinga exige providências rápidas, enérgicas e intransigentes, para que a família, a classe advocatícia e todos os cidadãos possam ver que o Estado tem se empenhado para coibir e solucionar esses crimes”, diz a nota.
A 72ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB Ipatinga) também lamentou, em nota, o assassinato de Rodrigo Neto. “Mais grave ainda, quando se sabe que os envolvidos no crime ainda não foram capturados. A OAB de Ipatinga exige providências rápidas, enérgicas e intransigentes, para que a família, a classe advocatícia e todos os cidadãos possam ver que o Estado tem se empenhado para coibir e solucionar esses crimes”, diz a nota.
Governador
Também em nota, o governador Antonio Anastasia lamentou a morte do radialista e repórter policial Rodrigo Neto de Faria. O governador garantiu que a Polícia Civil não vai medir esforços para desvendar a autoria do crime. “Neste momento, levo a solidariedade dos mineiros a todos os familiares, amigos e colegas de trabalho de Rodrigo Faria”, afirmou.
Também em nota, o governador Antonio Anastasia lamentou a morte do radialista e repórter policial Rodrigo Neto de Faria. O governador garantiu que a Polícia Civil não vai medir esforços para desvendar a autoria do crime. “Neste momento, levo a solidariedade dos mineiros a todos os familiares, amigos e colegas de trabalho de Rodrigo Faria”, afirmou.
Fonte: D.A.
Nenhum comentário:
Postar um comentário